quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Nossa!!! Tanto tempo que não escrevo aqui... não tenho tido tempo tbm.. ando muito ocupada com as minhas novas (tentativas) de direção.
Embora eu não seja ... assim ... o que se pode chamar de "diretora" eu tenho me esforçado muito para não fazer coisas ruins, dessas que a gente olha e sente aquela vergonha alheia...
Porém estav pensando no quanto tenho me afastado das minhas ambições enquanto atriz, do pouco tempo que tenho despendido para meus estudos, leituras, buscas e coisas que possam me engrandecer como atriz e justamente essa semana peguei para re-ler uma peça que tem uma passagem que julguei eu ser (parcialmente) para este momento que estou passando e gostaria de dividi-lo, pois acho que todo ator um dia vive esse dilema... ou um parecido... bjs

(Trecho de Longa Jornada Noite Adentro de Eugene O´Neill)
- Diálogo entre Tyrone e Jamie


Tyrone: Sim, creio que a vida me deu uma lição demasiado severa, e ensinou-me a superestimar o valor de um dólar. E veio a hora em que êsse êrro arruinou uma magnífica carreira de ator!...( tristemente): Nunca confessei isso a ninguém, rapaz, na noite de hoje, sinto-me tão deprimido, que é como se tudo tivesse acabado pra mim... E de que, então, me serviram vaidades, as jactâncias e um falso orgulho?!Aquela maldita comédia que comprei por uma ninharia, e na qual tanto sucesso - um grande sucesso comercial! - estragou-me a vida com sua promessa de fácil fortuna. Eu não queria fazer mais nada! E, quando dei pela coisa, já me havia convertido em um verdadeiro escravo dessa peça amaldiçoada!! Experimentei representar outras, mas aí já era tarde demais. O público já me havia identificado com aquêle papel e não me compreendia ver noutro. e tinha razão! Eu havia perdido o meu talento em anos de fácil repetição, sem aprender um só papel nôvo, sem nunca mais trabalhar de verdade! Fazia trinta a quarenta mil dólares líquidos de lucro por temporada, sem despender o menor esforço! A tentação era demasiado forte! E, no entanto, antes de comprar essa nefasta peça, eu era considerado um dos três ou quatro jovens atores de mais futuro, nos Estados Unidos! Trabalhara com o máximo empenho, abrindo mão de um bom emprêgo de mecânico para ser substituído no elenco de uma companhia, só pelo amor que tinha ao teatro!Vivia louco de ambição! Lia todas as obras dramáticas existentes. Estudava Shakespeare como se estuda a bíblia. Educava-me a mim mesmo. Com esfôrço, consegui libertar-me do meu sotaque irlandês que era bastante forte. Que entusiasmo tinha por Shakespeare! Teria , de bom grado, representado qualquer de suas obras, sem receber um centavo, só pela satisfação de viver na atmosfera de sua sublime poesia!(...)(...) Havia chegado onde queria chegar.E, durante algum tempo ainda, continuei subindo, com uma ambição sempre crescente! (...)(...)Mas... no fim de uns poucos anos, minha boa sorte, - que acabou por ser má! - fêz com que eu topasse o grande "negócio" da minha vida!(...(...) Bem de nada adianta rememorar isso agora! É tarde para arrependimentos!(Olha distraidamente para as cartas) : Sou eu a jogar, não?

Edmund (comovido, olha-o com compreensão, e responde, em voz lenta): Alegro-me que você tenha me contado tudo isso, papai. Agora, eu o conheço muito melhor...

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